QUAL A DIFERENÇA ENTRE OSTEOPOROSE E OSTEOPENIA ?

A osteoporose é uma doença que promove a perda progressiva da massa óssea e provoca uma alteração da microestrutura dos ossos.

A osteoporose provoca um aumento no risco de fraturas. A fragilidade óssea pode chegar ao ponto em que ocorram fraturas espontâneas, principalmente na coluna vertebral e no 1/3 proximal do fêmur, e fraturas com traumas de baixa intensidade no punho, ombro, tornozelo e joelho. A maioria dessas fraturas irá necessitar de tratamento cirúrgico,  para evitarmos essas fraturas é fundamental o prevenção e o tratamento.
A osteoporose é normalmente uma doença silenciosa e pode ter como único sintoma dor nas costas ou o primeiro sintoma pode ser uma fratura.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE OSTEOPOROSE E OSTEOPENIA ?

A osteopenia é um estágio anterior a osteoporose, a sua definição está associada a quantidade de perda óssea, ou seja, na osteopenia temos um perda óssea, porém, essa perda óssea é menor que na osteoporose.
A OMS gradua a perda óssea em estágios.

Resultado da densitometria:

Resultados acima da média ou com uma perda óssea até - 1,0 DP ( DP é o desvio padrão da média e o sinal de “ - “ indica perda óssea ) o exame de densitometria é dito normal.
Se a perda óssea estiver entre - 1,0 e - 2,5 DP dizemos que o paciente tem osteopenia.
Se a perda for maior - 2,5 DP classificamos o paciente como tendo osteoporose.

A osteopenia não é tão grave quanto a osteoporose, porém, o risco de fraturas também está aumentado. A osteopenia também deve ser tratada. Converse com o seu ortopedista

PORQUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM A OSTEOPOROSE?

A osteoporose é uma problema sério de saúde pública e com o envelhecimento da população brasileira este problema está se agravando.
Estima-se que em breve cerca de 15 milhões de pessoas desenvolvam osteoporose no Brasil, isto deve provocar cerca de 1 milhão de fraturas por ano ( dados feitas por aproximação e semelhança com as estatísticas americanas fazendo as correlações entre as populações )

As fraturas do quadril ( fraturas do colo do fêmur e da região transtrocanteriana ) são as que apresentam maior risco de complicação.
Os pacientes que apresentam uma fratura do quadril mudam completamente o seu modo de vida.
Na maioria dos casos passam a necessitar do auxílio de muletas e se tornam dependentes dos familiares.
Outro problema relacionado às fraturas do quadril é a mortalidade que atinge índice impressionante em algumas estatísticas. De acordo com 2 trabalhos na literatura a taxa de mortalidade é de 36% dos pacientes no primeiro ano pós fratura.* ** Referências: ( * Melton LJ III: Hip fractures: A worldwide problem today and tomorrow. Bone 1993;14(suppl):S1-S8. e ** Cummings SR, Rubin SM, Black D: The future of hip fractures in the United States: Numbers, costs, and potential effects of postmenopausal estrogen. Clin Orthop Relat Res 1990; 252:163-166.

Entre os pacientes que sobrevivem a fraturas do quadril somente 1/3 retornam completamente ao seu estilo de vida anterior, ou seja, somente 1 em cada 5 pacientes que sofrem fraturas do quadril retornam ao seu status quo prévio. Referências: ( Epstein RS: Hip fractures in the elderly: How to reduce morbidity and mortality. Postgrad Med 1988;84:254-257. Iorio R, Healy WL, Appleby D, Milligan J, Dube M: Displaced femoral neck fractures in the elderly: Disposition and outcome after 3- to 6-year follow-up evaluation. J Arthroplasty 2004;19:175-179. Zuckerman JD, Sakales SR, Fabian DR, Frankel VH: The challenge of geriatric hip fractures. Bull N Y Acad Med 1990;66:255-256. )

A fratura do quadril requer um tratamento caro com valores iniciais de aproximadamente R$15.000,00 ( SUS) para tratamento com osteossíntese ( colocação de placa e parafusos ) e valores ainda maiores para a colocação de próteses de quadril ( substituição da cabeça do fêmur por uma prótese metálica ). Nos Estados Unidos o gasto aproximado é de 35 mil dólares por paciente e são gastos aproximadamente 10 bilhões de dólares ao ano, no tratamento das fraturas do quadril.

O QUE CAUSA A OSTEOPOROSE ?

A osteoporose é uma doença multifatorial na maioria dos casos.
A seguir alguns dos fatores que ajudam no desenvolvimento da osteoporose:

• IDADE – Todos perdemos massa óssea com o passar dos anos e a medida que a população envelhece temos mais casos de osteoporose. 90% do cálcio que iremos levar para o resto da vida é acumulado no organismo até os 25 anos de idade. Dos 25 aos 40 anos acumulamos os 10 % restantes ( existe uma certa controvérsia em relação a estes dados e alguns autores afirmam que dos 30 aos 40 anos temos uma certa estabilidade na massa óssea, porém todos concordam que a partir da idade próxima aos 40 anos iniciamos a perda da massa óssea )

• HEREDITARIEDADE – A história familiar de fraturas, ter a pele muito branca e ser muito magro podem aumentar o risco do aparecimento da osteoporose.

• NUTRIÇÃO E ESTILO DE VIDA – Pacientes mal nutridos, principalmente com uma baixa ingestão de cálcio, sedentários, fumantes e com consumo regular de álcool estão sujeitos ao desenvolvimento da osteoporose
.
• USO DE MEDICAMENTOS E OUTRAS PATOLOGIAS – A osteoporose está associada ao uso continuado de corticoesteróides e a algumas doenças sistêmicas como os problemas de tireóide.

O QUE DEVE SER FEITO PARA PREVENIR A OSTEOPOROSE E FREAR A SUA PROGRESSÃO ?
HÁ UMA SÉRIE DE MEDIDAS QUE PODEMOS TOMAR PARA PREVENIR E TRATAR OSTEOPOROSE.
Inclua nas suas refeições diárias uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D.

• CÁLCIO – durante o crescimento o organismo precisa de muito cálcio para produzir ossos fortes e para fazer uma reserva que será usada na velhice.

o Fazer uma boa poupança de cálcio é a maneira mais eficiente de prevenir a osteoporose no futuro.
Independente da idade e do estado de saúde, necessitamos de cálcio na dieta diária. Diariamente o organismo perde cálcio principalmente pela urina. O cálcio, isoladamente, não conseguir prevenir a perda óssea após a menopausa, porém ele continua realizando um papel importante na prevenção de fraturas e na manutenção de ossos saudáveis.
Mesmo em pacientes com osteoporose instalada o aumento da ingestão de cálcio e vitamina D podem diminuir o seu risco de fraturas.

Qual a quantidade de cálcio necessitamos todos os dias?

A quantidade de cálcio que o organismo precisa depende muito na idade e de outros fatores. A recomendação da The National Academy of Sciences (USA) para a ingestão diária de cálcio e de:
Meninos e meninas dos 9 aos 18 anos: 1300 mg diárias
Homens e mulheres das 19 aos 50 anos: 1000 mg por dia;
Mulheres grávidas e lactantes até 18 anos 1300 mg por dia.
Mulheres grávidas e lactantes dos 19 aos 50 anos: 1000 mg por dia
Mulheres e homens acima de 50 anos: 1200 mg por dia.

A ingestão diária de derivados do leite como iogurte e queijo são excelentes fontes de cálcio, um copo de leite com 250 ml tem aproximadamente 300 mg de cálcio. O leite e derivados são a melhor fonte de cálcio pois esta é a forma onde o cálcio é melhor absorvido. Outras fontes de cálcio são as sardinhas com ossos e os vegetais como folhas verdes tais como o brócolis e a couve. Se a sua dieta não possuir uma quantidade adequada de cálcio procure o seu médico e converse com ele. Importante ressaltar que não basta ingerir o cálcio, ele tem que ser absorvido pelo organismo e neste passo é importante a presença da vitamina D. Alimentos como o espinafre e a aveia dificultam a absorção do cálcio.

Qual a quantidade de VITAMINA D necessitamos todos os dias ?

A Vitamina D ajuda o seu organismo a absorver o cálcio, portanto ela é fundamental na prevenção e no tratamento da osteoporose. A recomendação para a ingestão de vitamina D é de 800 unidades internacionais por dia.
A vitamina D pode ser produzida dentro do nosso organismo: a pele produz vitamina D a partir 7-dehidrocolesterol quando exposta aos raios UVB com comprimento de onda entre 290–315 nm.
Para as pessoas com dificuldade de exposição ao Sol os suplementos vitamínicos são excelentes fontes de vitamina D. Cuidado com o uso de vitaminas sem orientação médica, o excesso de vitamina D pode ser tóxico para o organismo.

Qual a importância de fazer exercícios todos os dias ?

Como os músculos, os ossos necessitam de atividades físicas para se manterem fortes. Independente da idade os exercícios físicos melhoram a massa óssea, alem de promover outros benefícios, principalmente cardiovasculares.
Os médicos acreditam que a prática de exercícios regulares de intensidade moderada e regulares ( 3 a 4 vezes por semana ) é efetiva na prevenção e no tratamento da osteoporose.
Os exercícios antigravitacionais como caminhar, correr, subir escadas, andar de bicicleta, dançar e também a musculação são provavelmente os melhores exercícios para o tratamento e a prevenção da osteoporose.
A hidroginástica é um excelente exercício para as articulações, principalmente em pacientes idosos, porém, parece ser menos efetivo que os exercícios antigravitacionais na prevenção e no tratamento da osteoporose.
Sempre que possível associe a hidroginástica a algum exercício antigravitacional. A pratica de atividades físicas deve ser sempre precedida de uma consulta medica para avaliar a sua capacidade cardíaca.

Por que devemos prevenir as quedas ? 

As quedas são responsáveis por cerca de 50% das fraturas, portanto, prevenir as quedas é fundamental em pessoas com osteoporose. Os programas de fisioterapia com reforço muscular e equilíbrio e o Tai Chi Chuan são excelentes na melhora do equilíbrio e na força muscular, sendo portando ótimas estratégias na prevenção de quedas.

Qual a relação entre DEPRESSÃO E OSTEOPOROSE ?

Estudos recentes tem mostrado uma relação direta entre depressão e diminuição da densidade Mineral óssea. Isso provavelmente é causado pela inatividade que as pessoas deprimidas apresentam que a médio e longo prazo provocarão osteoporose, foram inclusive identificados marcadores de reabsorção óssea na urina dessas pacientes.

Existe osteoporose nos homens ou essa é uma doença das mulheres ?

A osteoporose é 6 vezes mais freqüente nas mulheres, porém, também acomete os homens. A osteoporose nos homens está associada a senilidade ( acomete homens mais velhos ) e parece haver associação com a diminuição dos hormônios masculinos. Como nas mulheres é uma doença silenciosa, alguns autores sugerem que seja realizada uma densitometria óssea de base aos 60 anos de idade. Essa idade pode ser menor, principalmente nos homens com fortes fatores de risco ( álcool, fumo, sedentarismo, desnutrição, pele branca, baixa exposição ao sol, etc. )

Como fazemos o diagnóstico de osteoporose ?

O diagnóstico da osteoporose é normalmente feito pelo seu médico usando uma associação entre a história clínica, exames radiológicos, densitometria óssea e exames laboratoriais.
A densitometria óssea é um exame seguro e indolor que usa os Raios X para comparar a sua massa óssea com o pico de massa óssea que é atingido em torno dos 25 anos de idade.
A densitometria normalmente é feita na mulher após a última menstruação ( menopausa ), existem vários aparelhos de densitometria e seu médico que orientará em relação a quais exames realizar.
Com o passar dos anos a pessoa com osteoporose pode apresentar microfraturas seriadas da coluna vertebral que provocam a diminuição da estatura e causam um encurvamento anterior da coluna torácica provocando uma deformidade conhecida como Cifose. A Cifose torácica é de difícil tratamento, sendo a melhor estratégia a prevenção da osteoporose.

Como é feito o tratamento da osteoporose ?

O melhor tratamento para a osteoporose é a prevenção, portanto, a preocupação com a osteoporose deve ser iniciada na infância e adolescência. Hoje dispomos de uma série de medidas medicamentosas e não medicamentosas que podem ajudar a prevenir as fraturas e até mesmo recuperar parte da massa óssea perdida.
A chave para o tratamento da osteoporose deve ser sempre centrada em exercícios e uma boa dieta, em associação com essas medidas seu médico poderá orientar em relação ao uso de medicamentos e na duração total do tratamento.

Dr. Marcos Britto da Silva
Ortopedia, Traumatologia e Medicina do Esporte
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
atualizado em 07/01/2020


Comentários

  1. ola Dr Marcos gostaria de enviar o resultado de uma ressonancia do joelho para que o senhor analise seria possivel?
    se possivel me envie seu email desde ja agradeço
    paulasouza@outlook.com.br

    ResponderExcluir
  2. Dr marcos, meus exame de calcio e vitwamina D no sangue estao normais, portanto estou perdendo calcio na urina 340... E porque estou com osteopenia?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cara Sra Aurora, leia o artigo acima e também os outros artigos sobre osteoporose nesse blog.

      Excluir

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Dr MARCOS BRITTO DA SILVA - Médico Ortopedista
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
- Médico Ortopedista Especialista em Traumatologia e Medicina Esportiva - Chefe do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Pró-Cardíaco - ex Presidente da SBOT RJ - Professor Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Membro Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte - Médico do HUCFF-UFRJ, - International Member American Academy of Orthopaedic Surgeons - Membro da Câmara Técnica de Ortopedia e Traumatologia do CREMERJ, - Especialista em Cirurgia do Membro Superior pela Clinique Juvenet - Paris, - Professor da pós Graduação em Medicina do Instituto Carlos Chagas, - Professor Coordenador da Liga de Ortopedia e Medicina Esportiva dos alunos de Medicina da UFRJ, - Membro Titular da SBOT - ( Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), - Membro Titular da SBTO - ( Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico), - Mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina da UFRJ - Internacional Member AO ALUMNI - Internacional Member: The Fédération Internationale de Médecine du Sport,(FIMS) - Membro do Comitê de ètica em Pesquisa HUCFF-UFRJ.