Antibióticos no Cimento Ortopédico
Propriedades dos antibióticos a serem misturados ao cimento ósseo
- Os antibióticos que são impregnados no espaçador de cimento devem ser resistentes ao calor (até 82-83 ⁰C, 12-13 min), para que não sejam destruídos durante a polimerização do PMMA .
- O Antibiótico que será misturado também devem ser solúvel em água, para serem “lavados” e dispersos nos tecidos circundantes após a implantação do espaçador.
- Antibióticos com pequeno peso molecular são mais solúveis em água. Os antibióticos devem ser quimicamente estáveis (neutros) e não reagir com outras moléculas contidas dentro do cimento.
- Eles devem apresentar propriedades bactericidas, mesmo em baixas concentrações.
- Os antibióticos devem ter um baixo MIC para os micróbios alvo. Além disso, eles não devem aderir às proteínas séricas, idealmente provocar poucas reações e não promover a formação de micróbios resistentes.
Quais os melhores antibióticos para serem misturados ao Cimento Osseo?
- Aminoglicosídeos e antibióticos glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina) são apropriados para impregnação de polimetilmetacrilato PMMA e são eficazes contra um amplo espectro de microrganismos, comumente isolados nas infecções ósseas.
- Antibióticos em forma de pó (cristalino) são preferidos à forma líquida.
- Antibióticos em forma líquida são mais baratos, mas impedem a polimerização,
- aumentam a porosidade do PMMA e
- diminuem a resistência mecânica dos espaçadores artesanais (a resistência diminui em 49% e 46% para compressão e tensão, respectivamente)
- Em seu estudo, Hsieh et al. descobriram que o uso de gentamicina líquida aumentou a porosidade, em contraste com a vancomicina em pó que não aumentou a porosidade.
- A resistência à compressão do cimento diminuiu em:
- 13% quando impregnado com vancomicina,
- 37% quando a gentamicina líquida foi usada e
- 45% quando ambos os antibióticos foram adicionados.
Quais os Antibióticos mais usado em associação ao cimento ósseo ?
Os antibióticos mais comumente usados para impregnação de cimento são
- tobramicina,
- gentamicina,
- vancomicina e
- cefalosporinas
A vancomicina é eficaz contra MRSA, a gentamicina contra enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa, e a cefotaxima é eficaz contra bactérias resistentes à gentamicina . Uma combinação popular é a de um aminoglicosídeo (tobramicina ou gentamicina) com vancomicina .
Biodisponibilidade do antibiótico dissolvido no Cimento.
A eluição de diferentes tipos de antibióticos do cimento é variável. Usar uma combinação de antibióticos tem muitas vantagens sobre a monoterapia.
Além de ampliar o espectro antimicrobiano, a combinação de um aminoglicosídeo com vancomicina resulta em aumento da liberação de ambos os antibióticos in vitro, um fenômeno conhecido como oportunismo passivo.
A combinação de um aminoglicosídeo com vancomicina é recomendada mesmo quando o micróbio é resistente aos aminoglicosídeos, pois altas concentrações de aminoglicosídeo ( 3,6 g de tobramicina e 1 g de vancomicina por pacote de cimento) promovem uma maior liberação de vancomicina.
A combinação de meropenem com vancomicina também resulta em aumento da liberação de vancomicina.
Antibióticos usados frequentemente, porém com uso preferencial com germe já identificado.
- amicacina,
- anfotericina B,
- fluconazol,
- cefazolina,
- cefotaxima,
- cefuroxima,
- ciprofloxacino,
- clindamicina,
- colistina,
- daptomicina,
- eritromicina,
- linezolida,
- meropenem,
- piperacilina/tazobactam,
- teicoplanina/tazobactam,
- ticarcilina.
Quanto de antibiótico colocar no cimento?
- dose profilática 1-2g por 40g de PMMA
- dose terapéutica 4 - 8g por 40g de PMMA
Lembrando que concentrações maiores que 4g por 40g de PMMA diminuem a resistência mecânica e devem ser usados somente em casos onde a ausência de resistência mecânica não é um problema.
Como o antibiótico é liberado do cimento?
A liberação de antibióticos do PMMA é um fenômeno de superfície e não depende da quantidade de cimento . A liberação da gentamicina é realizada rapidamente através de uma profundidade de cimento de apenas 100 μm de sua superfície e, a partir daí, há pouca lixiviação.
Quanto maior a superfície do cimento em contato com os tecidos circundantes, maior a taxa e a quantidade de eluição de antibióticos do espaçador.
Um aumento na distância entre o cimento e os tecidos circundantes resulta em diminuição da concentração do antibiótico.
O tipo de tecido ao redor do espaçador também afeta a eluição de antibióticos do espaçador e a difusão de antibióticos nos tecidos inflamados.
O osso cortical absorve menos antibióticos do que o osso esponjoso e o osso esponjoso absorve menos antibióticos do que o hematoma (espaço morto) que potencialmente fica entre o espaçador e o osso ou tecidos moles. Portanto, deve-se buscar o máximo de contato possível entre o espaçador e os tecidos inflamados.
A maioria dos estudos defende que a eluição do antibiótico do espaçador ocorre durante os primeiros dias pós-operatórios (principalmente nas primeiras 24 horas), enquanto outros defendem uma liberação prolongada.
Outros pesquisadores descrevem três fases: a fase exponencial (durante os primeiros dias pós-operatórios), a fase de declínio e, por último, a fase de baixa eluição constante . Quanto maior a dose de antibiótico carregada no espaçador, maior a concentração de antibiótico durante as fases. Porém na Média os autores concordam que há liberação de antibióticos por 1 semana.
Referencia: Samelis PV, Papagrigorakis E, Sameli E, Mavrogenis A, Savvidou O, Koulouvaris P. Current Concepts on the Application, Pharmacokinetics and Complications of Antibiotic-Loaded Cement Spacers in the Treatment of Prosthetic Joint Infections. Cureus. 2022 Jan 5;14
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